"Moça, Olha só, o que eu te escrevi.É preciso força pra sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê"
A distância entre os corpos chora um alto tom amedrontado, pouco, mas não adianta correr, porque o que resta vai atrás.
Minha mão deslizando da sua, seus olhos longe, os meus desviados, vontades. Antes fosse assim, com contato, mesmo que frio.
O dia manteve-se em calmaria, exagerada. Nem um toque, suspiro algum, sem ligações.
Não sou espécie alguma de cigana, mas sei para onde esquiva esse tempo.
Tento aliviar, mesmo sabendo que não resolveria tentar mudar o que estagnou.
Os meus anéis batem inquietos na mesa da sala, um seguido do outro, essa ansiedade me impede de comer, dormir ou imaginar o que esta fazendo enquanto estou aqui. Olho para minhas mãos, a prata de tua aliança me preocupa, me prende.
Não faz essa dor, lança um sorriso aberto, mesmo que não para mim. Dou-te vida se quiser, mas não minha, sua, com teus poemas, suas músicas, seus cheiros. Senti vontade de te colocar de frente para o mundo, mas não posso, pernas são tuas.
Não preciso dizer que amo, é evidente demais. Apenas sei.
Sua bicicleta percorre essas ruas de pedra, observo da janela os pedais fundos, procuro não imaginar em qual estrada vai terminar. Julga-me nas suas manhãs pelo cargo que não cabe a ninguém?Sussurra em teu silêncio, mas escuto de longe.
Palavras escassas, quase sem som, apenas, pensamentos em frações de furacões, como alguém que se encontra perdido, sem rumo.
Muitas vezes a incerteza movimenta como combustível, mas sou humana, preciso de pequenos traços concretos.
Talvez o apartamento em nossa avenida, com nossa cama, tuas roupas e meus armários, não estejam mais parados, nos esperando.
Não cabe a mim, nem a você saber, naõ digo ao amor,mas cabe a vida, ao tempo.
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