domingo, 17 de julho de 2011

Sensato e previsível

Memórias podem ser escondidas, disfarçadas, mas sombras... Se apagam?
Dois corpos se afastam? Ou juntam em pedaços.
Idealizou, errou. A última palavra derramada soou em despedida.
Letras de um adeus nunca dito, encoberto com mãos que se soltam.
Ultrapassado todo cansaço e desgaste de amores estirados em leito, quem ousa reclamar se até os maiores amantes fartam seus rostos em lágrimas.
Transformar gestos leves em armas de fogo, bomba relógio exatamente programada para acabar.
Paixão que engana, como quem se deita e finge.
Verdade que condena e mata o amor.

A expressão



Ruas de ilusão, que atraem mistura de povos, chama um por um, em tom de amante fria.
E para que falar mais em desigualdade, se esta jogado e estampado na face do país? 
Reclamar mais do erro de um Brasil brasileiro.
Gritos reprimidos, com uma boa cachaça e um botão de fuga e desligue em cada cérebro.
Quintos renegados, postos nos cantos da cidade.
"Metrópole, centro financeiro."  Escutar os tantos vazios orgulhando-se, me enoja.
Ouvir o tom de superioridade, daqueles que possuem e o de inferioridade dos que desejam, é quase insuportável. 
Falar e não solucionar, fácil, eu digo. E parar e reclamar.
Caiu a ficha? Passou do tempo.

sábado, 9 de julho de 2011

Passamento

Escutava os chamados, colocava Hendrix e Vinicius na vitrola, depois de um ou dois baseados.
Corria pela terra roxa e voltava, ouvia as reclamações e pensava viajar o mundo. Coloquei no prato uma meia dúzia de ideias  e sonhos, engoli seco na vida. Jovem demais.
Senta aqui, me deixa contar o que vi, esta frio, congelando, igual aquela noite.
Há anos, tudo dava errado.
Era uma cara comum. Sofri de amores, vi mulheres me renegando, mas você foi a pior delas.
E se um dia pensei e deixei de acreditar na existência de toda a banalidade amorosa que escutei nas canções, quando te conheci eu soube.
Se todas as juras, não me fizessem ficar e todo meu eu me dissesse para fugir...
Sua boca, carinho hipócrita, me manteve preso, cercado por esses muros de falsidade.
Deitei na sua cama aquele dia, teu choro me prendeu,  suas palavras de confiança me disseram que era amor. O mesmo lençol, de outros.
Mas tudo bem, essa deveria ser mais uma das vezes que nos esquecemos do que foi e convivíamos com o momento.
“Eu não quero mais” , como é grande essa mentira,  poderia fingir acreditar, para variar, um pouco, para mudar. Engano-me.
Bem que  me avisei, mas fui para ver, o quanto era grande meu engano.
Faço dos meus, um drama. Acho que não sei viver.
Coloco treze e poucas  pedras no caminho e fico sentado, com medo de tropeçar em meus obstáculos.
Criei passos, dias, meses, essa cidade tão cinza, como nós. Criei amores novos, fingi naturalidade, formalidade, desapego.
Não quis te convencer e onde parei... Achei que tudo assim, enfim, ficaria calmo, talvez. E mudei. 
O que me tornei? Vazio.  Sou frio, calculo meu tempo, pensando em mim. Sou banal, descrente, me sinto sabotado por eles.
Há tanta confusão, tanto rancor.
Pensei não existir nada além, linearidade, estabilidade, inexistentes. Eu bicho, me sinto hoje, assim, um animal, extinto e só.
Meu egoísmo grita, mais uma vez, nunca fui tão solitário, estive em outros braços, lábios distintos.
Gritei : “corre, corre.” , mas cai, em queda livre.
Quis vida e você me tirou. E se não tirou, sou dono do meu.
Uma cartela e meia com um bocado de whisky.